Santo André

Blog da Vila
por Léa Penteado

Antes de existir blogs, quando havia concurso de redação escolar, eu já escrevia. A curiosidade me levou aos 20 anos a ser repórter em uma editora de revistas e quando vi era jornalista. Portas foram abrindo e, além de centenas de reportagens contando fatos e histórias de anônimos e celebridades, escrevi um espetáculo para teatro, fui autora de pequenos seriados para a TV, argumento para um filme, três livros e, quando chegou o blog, descobri que podia ser contadora da minha própria história e o que tivesse no entorno. Escrevo por que é vital, é como respirar.

Minha Historia com a Vila

O começo de tudo

Hoje completo 21 anos vivendo na Bahia, e o Blog da Léa nasceu para contar histórias da vila, seus personagens e viajantes.

Na verdade, ele é a continuidade de outros blogs que escrevo há anos, registrando memórias e experiências pessoais.

Nessas duas décadas, vi Santo André mudar profundamente: de pouco mais de 350 habitantes para mais de mil.

As casas, antes quase todas sem cercas — apenas um fio de arame farpado para marcar o terreno —, agora estão protegidas por muros.

 

Um projeto que nasceu para promover a vila

Em 2006, a convite de Ugo Colombo, Henrique Costa, Pablo Delgado e Amadeo Romero, me juntei à fotógrafa Claudia Schembri para produzir um livro de fotos.

O objetivo era simples: fomentar o turismo local. A publicação seria distribuída em agências de viagem — era assim que a comunicação acontecia na época.

Porém, o alto custo do projeto nos fez repensar. Sugeri então criar um site. Assim nasceu, a oito mãos — nós e Alex Aciole, especialista em TI — com fotos de Alexandre Campbell, o www.santoandre-bahia.com.

 

O impacto do site na promoção de Santo André

O site teve resultados imediatos, colocando nosso destino no mapa turístico.

Com o tempo, cada parceiro seguiu cuidando de seus negócios, e eu fiquei sozinha na gestão.

Persisti, pois sabia que esse era o caminho para que a vila fosse vista e desejada.

Aos poucos, expandi o conteúdo para incluir os povoados vizinhos Santo Antônio e Guaiú.

Há dois anos, com a chegada de Jan Lechte e suas atividades de vendas e aluguel de casas, nasceu o novo formato do site.

 

Quem escolhe quem?

Costumo dizer que não somos nós que escolhemos viver aqui, mas Santo André que nos escolhe.

Vi casas serem erguidas, pessoas chegarem com sonhos e propostas… mas poucas ficaram.

Em 2014, com a vinda da seleção alemã de futebol para treinar e se hospedar aqui, muitos diziam que seria o “fim” da vila.

Houve repercussão internacional, mas, poucos meses depois, o assunto já havia desaparecido, sem grandes impactos para o dia a dia do povoado.

 

A transformação durante a pandemia

O que realmente mudou foi a pandemia, em 2020.

Alguns que haviam passado férias por aqui decidiram voltar para temporadas mais longas, buscando isolamento em um lugar tranquilo.

Muitos descobriram que era possível trabalhar em home office ou encontrar formas alternativas de sustento — e assim ficaram.

 

A vida hoje em Santo André

Santo André é um lugar calmo, situado em uma área de proteção ambiental, com quilômetros de praia preservada.

Aqui, ainda se dorme e acorda cedo, e todos se cumprimentam na rua.

O número de casas para aluguel cresceu mais do que o de pousadas ou hotéis. O comércio ainda é pequeno, mas as compras online aproximaram tudo.

Junto com Santo Antônio e Guaiú, a vila faz parte da cidade de Santa Cruz Cabrália, terra mãe do Brasil.

Não temos correio, lotéricas ou agências bancárias, mas temos o essencial para viver. E, acima de tudo, temos uma natureza exuberante: mar e rio, aves em abundância, dias de sol, vento fresco e noites estreladas.

 

As fotos desta postagem são do antigo site….