Santo André

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KATZ CONSTRUÇÕES

Blog da Vila
por Léa Penteado

Antes de existir blogs, quando havia concurso de redação escolar, eu já escrevia. A curiosidade me levou aos 20 anos a ser repórter em uma editora de revistas e quando vi era jornalista. Portas foram abrindo e, além de centenas de reportagens contando fatos e histórias de anônimos e celebridades, escrevi um espetáculo para teatro, fui autora de pequenos seriados para a TV, argumento para um filme, três livros e, quando chegou o blog, descobri que podia ser contadora da minha própria história e o que tivesse no entorno. Escrevo por que é vital, é como respirar.

Acarajé com história

Linda nasceu na família Reis, uma das cinco famílias que construíram Vila de Santo André. Foi cozinhando, fritando muito acarajé que criou as três filhas – Daiana, Rafaela e Fernanda – que seguem os passos da mãe. Trabalhou em quase todas as cozinhas de pousadas e restaurantes da vila para criar sozinha as meninas e construir sua casa. Há pouco mais de 10 anos realizou o sonho de ter um espaço que não fosse na praia embaixo de uma árvore. O local estava maltratado, mas colocaram as mãos na massa e transformaram no “Cantinho da Linda”, aberto de segunda à sábado, na baixa estação de 18h30 às 21hs, e na alta temporada vai até às 23hs. Referência em acarajés maravilhosos, no tamanho padrão ou mini servidos em porção, deliciosos bolinhos de siri e camarão, além de tapioca doce e salgada. As mesas na calçada e na rua são disputadas por moradores, turistas e celebridades como Magic Paula, o jornalista Pedro Bial e o chef Rodrigo Hilbert, por quem foi entrevistada no programa “Tempero de Família”, exibido no GNT, gravado em Santo Andre. Mas a vida não é so noturna. Durante o dia elas estão na praia conduzindo a “Barraca Amendoeiras”, onde servem petiscos diversos e refeição. Até os turistas do sofisticado Hotel Campo Bahia fazem ponto no local que tem um visual privilegiado no encontro do rio com o mar. Mas nem sempre os tempos foram assim. Lembram de quando não havia telefone nem energia elétrica, as casas eram iluminadas por candeeiros. Os terrenos não eram cercados, um pequeno rio cortava a vila e quando o seu leito secou, construíram casas. Hoje, quando a chuva é intensa, as águas retomam ao seu lugar inundando algumas casas. As meninas brincavam soltas nas ruas, colhiam caju roxo e caju maçã, espécies que não existem mais e aos 11 anos já ajudavam a mãe vendendo queijo coalho e castanha para os turistas. Ainda não tinham a barraca, era apenas uma mesa com um fogão de duas bocas, onde fritavam acarajés, bolinhos e, no final do dia, levavam a estrutura de volta para casa. Essas boas memórias elas estão sempre dispostas a contar para quem puxa conversa. Além do “Cantinho da Linda” e da “Barraca Amendoeiras”, aceitam convites para fazer jantares, atendem encomendas para festas e nada impede a família de fazer o que mais gosta: cozinhar. São unânimes em afirmar que o sucesso está no amor, mesmo um simples arroz branco se torna um banquete. E, como quem domina o assunto não teme contar a receita, para um bom acarajé é preciso que o feijão seja limpo e de qualidade, e o azeite de dendê de preferência o Sabor da Bahia, produzido no Estado. Em sua próxima visita à Santo André, prove as delícias e ouça algumas boas histórias dessa família de mulheres empreendedoras.