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Antes de existir blogs, quando havia concurso de redação escolar, eu já escrevia. A curiosidade me levou aos 20 anos a ser repórter em uma editora de revistas e quando vi era jornalista. Portas foram abrindo e, além de centenas de reportagens contando fatos e histórias de anônimos e celebridades, escrevi um espetáculo para teatro, fui autora de pequenos seriados para a TV, argumento para um filme, três livros e, quando chegou o blog, descobri que podia ser contadora da minha própria história e o que tivesse no entorno. Escrevo por que é vital, é como respirar.
Roger Farina e a Canção que Nasceu em Santo André
Foi numa noite chuvosa de 1996 que Roger Farina, vindo de São Paulo com os pais e o irmão, chegou à Vila de Santo André, em Santa Cruz Cabrália, Bahia. A família foi acolhida por Vera e Nelson Zippin no camping Jambo Sana, às margens do rio João de Tiba. E, como se fosse um sinal, ao amanhecer havia um sol radiante.
“Vi o rio sorrindo pra nós”, lembra Roger.
Essa é uma das primeiras memórias do músico e compositor com a vila que, quase 30 anos depois, inspiraria uma canção dedicada ao mesmo rio.
Ainda adolescente, entre os 14 e 15 anos, Roger voltou para morar em Santo André. Para um garoto da cidade grande, a exuberância da natureza era impactante.
“Chamavam atenção os sons e o silêncio. Os bichos na mata, e a noite o canto do Urutau, conhecido como ‘mãe-da-lua’… Também o cheiro da maresia, das algas, das plantas. Era uma vila onde todos se conheciam. Eu me sentia seguro.”
Com a chegada da BA-001, rodovia que conecta cidades do litoral sul baiano, a vila passou por mudanças. Roger ainda recorda da estrada nova, sem iluminação, e do costume de deitar-se no asfalto à noite para observar o céu estrelado, buscando a Via Láctea.
Com os amigos Mauro, Mazinho, Zaqueu e outros, a diversão era simples e intensa: catar caranguejo no mangue, nadar no rio, atravessar até os corais, fazer guerras de lama, explorar as raízes do manguezal.
A música sempre esteve por perto
A mãe tocava violão e cantava. O pai biológico também era músico. Na escola, havia aulas de música. Mesmo assim, Roger só começou a tocar por desejo de se conectar.
“Sempre fui um pouco tímido, vivia no meu mundo. A música me ajudou a fazer amigos.”
Logo percebeu que tinha ouvido e habilidade. Sem formação acadêmica, aprendeu de forma autodidata, assistindo a vídeos, escutando áudios, estudando estilos diversos. A primeira parceria foi em São Paulo com a banda “BluesKuzKopuz”, de pegada psicodélica.
De volta à Bahia, surgiram trabalhos autorais com o Jazz MacFarlane, em dupla com a namorada australiana. Logo entrou o músico Marcelo Bottini e nasceu a Jazzmiró — uma mistura dos nomes Jasmine e Roger.
“Participamos do Festival do Riso, em Belmonte, com o tema Chico Buarque. Passamos a primeira fase com História de Uma Gata (dos Saltimbancos). Na final, a namorada já tinha voltado pra Austrália. Cantei A Rita e eu e Marcelo ganhamos o festival. O prêmio ajudou a pagar minha passagem pra ir atrás dela e continuar nossa história. ”
Um palco chamado Santo André
Roger diz que não sabe quando a música virou profissão. Para ele, tudo foi natural, com amigos, encontros, rodas… Mas reconhece que Santo André foi o primeiro palco oficial.
“Não importa o número de pessoas, sempre será meu maior palco. Existe uma conexão muito forte.”
Depois veio o projeto “Espírito Gypsy”, com Bottini e Henrique Pederneiras, que marcou presença em diversas apresentações na vila, sempre com casa cheia. Em São Paulo, integrou a banda Nominalistas, com trabalho mais amplo. Hoje, continua compondo com amigos da vila e também de Porto Seguro.
A volta ao rio e a canção que renasceu
Morando em Indaiatuba, interior de São Paulo, Roger voltou recentemente à vila para uma temporada de quatro shows. Essa visita reacendeu algo dentro dele.
“Eu estava com bloqueio criativo há mais de um ano. Parte de mim está em Santo André. Depois dos shows, por coincidência, encontrei o Bottini e o Pederneiras. Estar de novo no rio, nadar, contemplar… A inspiração veio do universo. Fui lapidando até virar música.”
Mariá: a voz do novo tempo
A canção é autoral – letra, arranjos, melodia. Faltavam alguns elementos: percussão e uma voz feminina. Foi aí que Roger decidiu experimentar algo novo.
“Nem sempre dá pra bancar estúdio, músicos… Pedi ajuda à Inteligência Artificial para a voz feminina. E nasceu Mariá.”
Segundo Roger, usar IA não diminui a alma da composição. Pelo contrário, ele vê como parte de uma nova era criativa, onde a tecnologia pode somar sem substituir a essência.
“A base continua sendo a verdade, a emoção. Tudo é orgânico. ”
E o rio, que um dia sorriu para ele, agora sorri para todos, em forma de música.
RIO JOÃO DE TIBA
Letra e música Roger Farina
Rio João de Tiba me carregue
Pro meu lar no oceano
Me leve até lá
Quando eu chegar em mar aberto
Vou mover-me com as estrelas
Que parecem meus amigos
Maritacas anunciam
Que chegou o fim do dia
E o sol já vai deitar
E o sol já vai
Lá de trás do mangue nasce a lua
Vai sereno me navegue
Na imensidão azul
Numa vila bem charmosa
Me encontro com o mar
Segue calmo abençoe
Leve pra Iemanjá
Esse rio João de Tiba
Fica no sul da Bahia
Também vai te levar
Também vai te levar
Também vai te levar
Em Santi você vai chegar