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REVISTA BACANA

Blog da Vila
por Léa Penteado

Antes de existir blogs, quando havia concurso de redação escolar, eu já escrevia. A curiosidade me levou aos 20 anos a ser repórter em uma editora de revistas e quando vi era jornalista. Portas foram abrindo e, além de centenas de reportagens contando fatos e histórias de anônimos e celebridades, escrevi um espetáculo para teatro, fui autora de pequenos seriados para a TV, argumento para um filme, três livros e, quando chegou o blog, descobri que podia ser contadora da minha própria história e o que tivesse no entorno. Escrevo por que é vital, é como respirar.

Maria Nilza, uma estrela do Guaiú

O aroma do feijão cozinhando no fogão à lenha da casa da avó ainda acompanha Maria Nilza. Não é à toa que o restaurante que criou na praia do Guaiú tinha seu nome acrescido de “no fogão à lenha”, a sua marca registrada. Se engana quem pensa que ela cresceu na cozinha. Fugiu o mais que pode do fogão. Morou em São Paulo e descobriu a maravilha de uma grande capital. Foram 12 anos entre idas e vindas para Vitória da Conquista, onde a família se instalou. Retornou para conduzir com a irmã um hotel e foi um choque cultural. Mas encarou o desafio que lhe deu a experiência de recepcionar clientes. Era muito trabalho, mas compensava financeiramente. A convite de amigos conheceu o litoral, e quando viu o mar foi amor à primeira vista. Durante um bom tempo se dividiu entre as duas cidades e tudo mudou quando foi convidada para cuidar do receptivo do restaurante ‘A Fronteira’, o maior na antiga Passarela do Álcool. Apaixonada pela região, num dia de folga foi expandir seus limites, e no caminho para Belmonte pegou uma carona que parou no Guaiú. E foi ali que conta ter sentido uma energia diferente que vinha no cheiro de terra molhada e provocou um estado de êxtase. Agradeceu a carona e ficou no local, mesmo sem saber como voltaria para Porto Seguro, começando assim a história de vida e amor que uniu seu nome ao povoado. Alugou uma casinha para onde fugia nos dias de folga, depois começou a fazer compotas com frutas da região e pensando mais longe, ao perceber que havia apenas um restaurante que nem sempre estava aberto, resolveu fazer o seu. Alugou uma casa maior, fez um puxadinho para o restaurante com duas mesas e um balcão. A experiência na cozinha era pouca, mas o feijão no fogão à lenha, o arroz soltinho, um frango à milanesa empanado com queijo ralado, farofa de cenoura e um molho de tomate com ervilhas enlatadas encantou o primeiro cliente, um vendedor de motores para barcos que passava pela região e partiu falando maravilhas Por seu intermédio chegaram muitos clientes, assim como amigos de Porto Seguro que, na base do ‘boca a boca’, foram promovendo os seus sabores até estourar em 1996 numa reportagem na revista Veja sobre o litoral brasileiro e referenciada como a “pérola baiana”. Há poucos mais de dois anos, cansada dos tantos anos na lida, resolveu se aposentar e o acaso fez com que encontrasse o empresário Daniel Katz numa travessia da balsa no rio João de Tiba. Numa conversa curta, sugeriu ao empreendedor da região que adquirisse o terreno do restaurante, pois há tempos o proprietário procurava um comprador, assim ela se sentiria livre para curtir a aposentadoria. O empresário aceitou a sugestão, fez negócio com tudo o que havia dentro, inclusive a marca Maria Nilza, há mais de 25 anos inserida no Guaiú, sinônimo de um dos melhores restaurantes pé na areia da orla norte de Santa Cruz Cabrália. Ele manteve a essência do local, trouxe uma nova gestão e a criadora foi viver seu sonho de viajar pelo país e exterior, encontrar amigos. Mas como é impossível ficar longe do que se ama, está de volta ao Guaiú e sempre presente no restaurante, recebendo visitantes, posando para fotos, sugerindo delícias do cardápio… Afinal, criou uma marca referência em qualquer guia turístico que referencie o sul da Bahia, uma personalidade e tanto que merece ser conhecida.