No último verão, em frente ao Cantinho da Linda, na rua principal de Santo André, aconteceu o encontro de Magic Paula e Ronaldo Fenômeno. Eles se conheciam de muitos lugares, mas a cena de duas celebridades despojadas de seus títulos não teve registro de paparazzos. Para Ronaldo era a primeira vez no povoado, para Paula a cena é cotidiana. Os moradores já se acostumaram a vê-la pedalando nas ruas, participando de reuniões comunitárias, andando na praia, enfim, é mais uma de nós, mas com um fantástico histórico de vida. Considerada uma das melhores jogadoras de basquete de todos os tempos, é a segunda maior pontuadora da história da Seleção Brasileira adulta, tendo marcado 2.537 pontos em 150 partidas oficiais (foi a que mais jogou), média de 16,9 pontos por partida.

Maria Paula nasceu em Oswaldo Cruz, São Paulo, a segunda numa família de quatro irmãs, todas Marias. Mas o esporte estava na veia! Aos oito anos se encantou com a bola de basquete, aos dez começou a jogar e aos 12, com total apoio dos pais, foi jogar no time de Assis, cidade distante pouco mais de 150 kms de sua casa. Após um ano e meio já fazia parte do time, jogou profissionalmente por 28 anos, sendo 23 na Seleção Brasileira estreando aos 14 anos, conquistou 27 títulos em 27 anos de carreira e o adeus foi com a camisa do BCN/Osasco no ano 2000.

Escolhida a Atleta do Ano pelo Comitê Olímpico Brasileiro em 1997, integra o Hall da Fama do Basquete Feminino desde 2006 e o Hall da Fama da Federação Internacional de Basquete desde 2013. Em 2019, entrou para o Hall da Fama do Comitê Olímpico do Brasil, viveu intensamente a carreira, mas sempre soube que vida de atleta é curta. Quando começou a pensar em se aposentar foi fazer terapia e, depois de um semestre sabático, retornou aos estudos. Formada pela Universidade Metodista de Piracicaba, foi estudar Gestão na Fundação Getúlio Vargas. Percebia que o esporte evoluía e os gestores não andavam na mesma proporção. Em 2003, como especialista em administração esportiva, foi ser gestora de um centro de treinamento em São Paulo e durante 10 anos acompanhou mais de 1000 atletas. Em paralelo, se tornou empreendedora social ao criar em 2004 o Instituto Passe de Mágica que, em 16 anos, atendeu cerca de 11 mil jovens e adolescentes nas cidades de São Paulo, Piracicaba e Diadema. O objetivo do Instituto não era criar atletas para ganhar títulos, mas seguir a proposta da Unesco e ensinar valores como justiça, senso de equipe, igualdade, disciplina, inclusão, perseverança e respeito.  Paula foi construindo uma nova trajetória com base no conhecimento adquirido.

Hoje é Conselheira Fiscal da Federação Paulista de Futebol (FPF) e em 2023 passou a integrar o Colegiado de Direção do Comitê Brasileiro de Clubes (CBC), trazendo representatividade das mulheres para o colegiado. Sua ação a levou a ser nomeada Embaixadora, passando a exercer o cargo a partir de janeiro, o que a levará a viajar contribuindo com seu conhecimento como gestora esportiva. Palestrante empresarial, sua vivência como atleta e gestora tem sido muito requisitada para conversas que abordam temas como liderança, estratégia, planejamento, riscos e importância do trabalho em equipe.

Quanto ao sul da Bahia, aconteceu por acaso. Em 2012, através de uma amiga que há muitos anos tem casa em Santo André, veio conhecer o povoado. Dois anos depois, surgiu a oportunidade de comprar uma casa de praia, e foi a pandemia em 2020 que a trouxe para um período 5 meses. Como gosta de uma vida tranquila próxima à natureza, encontrou aqui seu espaço e é de onde parte para as suas muitas atividades.